A movimentação em torno do nome de Wladimir Garotinho como possível vice na chapa de Washington Reis levanta uma série de questionamentos sobre sua real influência no cenário estadual. Apesar de ser prefeito de Campos dos Goytacazes, um dos maiores municípios do interior fluminense, Wladimir tem enfrentado dificuldades para expandir sua presença política além das fronteiras locais.
O dado numérico reforça essa limitação: Campos dos Goytacazes possui cerca de 370 mil eleitores, o que representa menos de 3% do total do eleitorado do Estado do Rio de Janeiro, estimado em aproximadamente 12,8 milhões de votantes. Ou seja, mesmo sendo um município relevante, sua expressão política em nível estadual é bastante reduzida.
Além disso, Wladimir herda um sobrenome envelhecido. O clã Garotinho, que já dominou o cenário político do Rio de Janeiro nas décadas passadas, hoje é visto com desconfiança por aliados e rejeição por boa parte do eleitorado. O próprio Wladimir não conseguiu até agora se consolidar como uma liderança estadual.
Enquanto isso, Washington Reis, ex-prefeito de Duque de Caxias, enfrenta obstáculos jurídicos que ainda colocam em dúvida sua elegibilidade. O político teve condenações por improbidade administrativa e chegou a ser barrado pelo Supremo Tribunal Federal em 2022, quando foi impedido de assumir o cargo de vice na chapa de Cláudio Castro. Embora seus aliados apostem na reversão do cenário jurídico, o fato é que Reis ainda depende de um aval definitivo da Justiça Eleitoral para disputar qualquer cargo majoritário em 2026. A escolha de um vice, portanto, pode ter também o objetivo de manter um nome “de reserva”, caso a candidatura seja novamente barrada.
Essa instabilidade jurídica, somada à fragilidade política de Wladimir, reforça a ideia de que o vice será meramente figurativo – alguém que compõe a chapa sem representar densidade eleitoral ou protagonismo estratégico.
Nos bastidores, a avaliação é que sua indicação serviria mais como uma tentativa de acomodar interesses e manter aparências de uma frente ampla do que como uma estratégia eleitoral com efeito real.
Sem base estadual, sem articulação política relevante e carregando um sobrenome que já não agrega como antes, Wladimir Garotinho tende a ser apenas um nome na chapa – um vice decorativo, em uma disputa que será decidida por forças bem maiores que ele.