O cenário político do Estado do Rio de Janeiro vive uma reconfiguração silenciosa, porém profunda. Com a progressiva derrocada do grupo liderado por Anthony Garotinho — outrora uma das maiores forças políticas fluminenses — uma nova liderança emerge com força, habilidade estratégica e apelo regional: Rodrigo Bacellar, atual presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) e atual governador interino.
O Crepúsculo do Garotismo
O “garotismo”, como ficou conhecido o grupo político liderado por Anthony Garotinho e, posteriormente, por sua esposa Rosinha, dominou a política fluminense por décadas. Seu epicentro foi Campos dos Goytacazes, cidade do Norte Fluminense que serviu de base para sua projeção estadual e nacional. Cidade essa que hoje é o único foco ainda com vida da família.
Contudo, nos últimos anos, o grupo entrou em franco declínio, desgastado por escândalos e derrotas eleitorais sucessivas. A imagem de Garotinho foi corroída, o que minou sua credibilidade até mesmo entre antigos aliados.
A Ascensão de Rodrigo Bacellar
Enquanto o garotismo ruía, uma nova figura política passou a ganhar destaque: Rodrigo Bacellar. Também oriundo de Campos, Bacellar surgiu inicialmente como um nome de bastidor, mas aos poucos foi construindo uma base sólida, conquistando espaço tanto na Alerj quanto nas articulações junto ao governo estadual.
Com um estilo pragmático, discreto e articulador, Bacellar soube ocupar o vácuo deixado pelo grupo de Garotinho. Sua ascensão à presidência da Alerj marcou não apenas uma vitória pessoal, mas a consolidação de uma nova liderança política no estado.
A sua reeleição, por unanimidade, então ligou o farol oposicionista. A forma como coordenou votações estratégicas e aproximou aliados nos bastidores consolidou sua imagem de líder influente e confiável.
Protagonismo Regional com Visão Estadual
Diferente de Garotinho, cuja trajetória foi marcada por altos e baixos e um estilo populista agressivo, inclusive mantendo o governo estadual sempre distante dos municípios contrários aos seus interesses. Bacellar tem apostado em um discurso de estabilidade institucional e diálogo. Seu foco na governabilidade e no fortalecimento do interior fluminense, especialmente do Norte e Noroeste, tem conquistado prefeitos e lideranças regionais.
Sua habilidade política lhe garantiu o respeito tanto de aliados quanto de opositores. Mais recentemente, seu nome passou a ser cogitado como possível candidato ao Palácio Guanabara no futuro, diante do esvaziamento de nomes tradicionais e da necessidade de uma nova referência política no estado. Vale ressaltar que o próprio governador Cláudio Castro fez questão de ser o financiador político da pré candidatura de Bacellar.
Um Novo Capítulo
O protagonismo de Rodrigo Bacellar representa, simbolicamente, o encerramento de um ciclo na política fluminense. Se o garotismo marcou uma era de personalismo e instabilidade, a nova liderança busca consolidar um ambiente mais técnico, plural e institucionalizado.
Ainda é cedo para definir o legado de Bacellar, mas é inegável que seu crescimento político aponta para uma reconfiguração profunda no tabuleiro estadual. Mais do que uma disputa entre nomes, o Rio de Janeiro parece viver uma transição de modelos: de um passado marcado por clubismo político para uma nova fase que, ao menos por ora, preza por articulação, pragmatismo e reconstrução.
Vamos aguardar!
