Diante da escalada de violência entre Israel e o Irã, um velho discurso ressurge: o de que apoiar o Estado de Israel, incondicionalmente, seria também uma forma de estar ao lado de Jesus Cristo. Essa conexão oportunista, repetida por líderes religiosos, políticos e formadores de opinião, não apenas é equivocada — ela é perigosa.
O Estado de Israel, fundado em 1948, é uma nação moderna, laica, com um exército poderoso, serviços secretos altamente ativos e interesses geopolíticos claros. Não pensa nos ensinamentos do Mestre!
Seu conflito com o Irã é político, militar e estratégico. Não há nada ali que se relacione com os mandamentos de Jesus de Nazaré que pregou o amor ao próximo .
Jesus não fundou um Estado, não incentivou revoluções políticas e nem encorajou a guerra. Quando perguntado se era rei, respondeu com silêncio e humildade. Quando ameaçado, não revidou, não pegou em armas. Quando ferido, perdoou. Que relação haveria entre ele e os mísseis que hoje caem sobre civis matando crianças que Jesus sempre expressou o seu amor?
Tanto Israel como o Irã manipulam a fé para justificar políticas autoritárias. O problema aqui não é a defesa legítima — é o uso doloso da fé cristã para justificar ou santificar a violência. Usam o nome de Jesus em vão e de forma vil.
Não é de hoje que se tenta colar a imagem do Cristo a projetos de poder. Jesus já foi convocado para abençoar cruzadas, colonizações, ditaduras, golpes de estado e campanhas eleitorais. Mas, quando lemos os Evangelhos com atenção, vemos que ele andava com os pobres, tocava os impuros, chorava com os doentes, combatia os cobradores de impostos e chamava à responsabilidade os religiosos que usavam o nome de Deus para benefício próprio.
Importante deixar claro que Israel moderno não representa Jesus Cristo, assim como nenhum Estado o representa. A fé cristã é incompatível com a idolatria do poder, com o fanatismo bélico e com a espiritualização de conflitos geopolíticos. Defender a paz exige coragem e determinação, inclusive a disposição de contrariar vozes que falam alto, mas não falam com amor.
Jesus não está em foguetes. Está nas vítimas. Não está em tanques. Está nas crianças que choram e nos idosos que passam fome. Não se identifica com governos, mas com os que sofrem devido ao totalitarismo. Associar o nome de Jesus com bombas é apagar a essência do que ele ensinou. O amor puro e verdadeiro!